Eleições
e políticos de verdade
Assim como acontece a cada dois anos,
em outubro teremos eleições. Desta vez, serão escolhidos deputados estaduais e
federais, senadores, governadores e presidente. Com a decepção de grande parte
da população com a política, é comum ouvirmos frases como “vou anular meu voto”
ou “não sei em quem votar”. De fato, os erros de muitos políticos, ao longo dos
anos, causaram um “desencanto” nos eleitores e, por isso, a reconquista do
direito de votar (nos anos 1980) foi perdendo gradativamente seu valor aos
olhos de muitos.
Mas, este editorial não tem a intenção
de tratar de um assunto tão debatido e fonte de desilusão para muitos. O voto,
além de ser obrigatório, é um instrumento que pode ser utilizado pelo eleitor
para mudar o que não lhe agrada e/ou para apoiar quem está de acordo com o que
ele deseja na política. Além disso, também pode servir com forma de protesto ou
manifestação.
Muitas vezes, não se sabe em quem
votar, pois junto se está depositando a confiança no candidato ou na candidata
e dando “uma procuração” para que, se eleito(a), “aja em seu nome”. E é muito
comum não se saber em quem votar.
Além de assistir a propaganda
eleitoral e ler a nominata dos candidatos de cada partido para cada cargo, é
possível pesquisar sobre a trajetória de quem poderá receber seu voto e, a
partir de suas ações e conquistas anteriores e de suas propostas, verificar se
ele está de acordo com suas aspirações em áreas como saúde, segurança,
educação, etc.
Certamente, neste pleito, há algumas
opções de pessoas que defendem seus interesses e os de sua comunidade. Basta
saber “separar o joio do trigo”. Assim como em qualquer profissão, há os
melhores profissionais e, também, os piores, e também aqueles que estão
tentando melhorar para atender o que os eleitores desejam.
Para exemplificar, vamos utilizar uma
das trajetórias positivas que a Zona Sul de Porto Alegre legou à política:
Ervino Besson. Muitos podem perguntar por que, entre tantos políticos já
falecidos que aqui viveram e fizeram relevantes trabalhos, a escolha deste em
especial. O primeiro deles é o momento (o vereador falecido em 2010 acaba de
ser homenageado com o nome de uma biblioteca – leia na Página central). Na
cerimônia, que emocionou muitas pessoas, além da comunidade escolar, estavam
presentes a família e muitos amigos de Besson, que foram prestigiar um velho
amigo que deixou muita saudade. Até o prefeito esteve lá.
O segundo motivo é o exemplo. Vereador
durante três mandatos, Ervino, como era mais conhecido por estas bandas, teve
uma atuação destacada, que está acessível a todos que acessarem o Google, por
exemplo. O Centro de Eventos Vereador Ervino Besson, na Vila Nova, é um grande
exemplo de sua presença, mesmo após sua morte. O Centro de Eventos da Vila
Nova, uma de suas grandes conquistas e local que anualmente recebe a Festa do
Pêssego, teve que mudar de nome: a “única opção” era homenageá-lo.
Mas, na vida pública, além de sua
percepção por lutar por causas que incluíssem os interesses de muitas pessoas,
Ervino também era um homem afável e colaborativo e muitos desses exemplos
chegaram a O Jornalecão, espontaneamente, por relatos, antes
e depois de sua morte. Um deles, no entanto, a reportagem do jornal pôde
conferir de perto. No início dos anos 2000, quando um grupo de empresários
estava criando uma associação na Avenida Juca Batista, em um churrasco de
confraternização promovido para integrar mais os participantes, a reunião
acontecia na mesa e, de tempos em tempos, o vereador Ervino Besson, que estava
assando o churrasco, dava uma sugestão ou fazia algum comentário. Além de
apoiar os participantes na iniciativa, ele estava lá, cuidando do jantar, em
pé, sem nenhum constrangimento por ser ele um vereador de Porto Alegre. Aliás,
foi o próprio Ervino que se ofereceu para isso. São muitos os casos que
demonstram a humildade e o espírito cooperativo e agregador de Ervino Besson,
mas este é particularmente importante: um vereador disposto a servir seus
eleitores.
Neste
ano, não estaremos elegendo vereadores, mas os cargos em disputa influenciam
diretamente nosso dia a dia e o bem-estar de nossos familiares, amigos,
vizinhos... E a dica que O Jornalecão
pode deixar neste momento é a escolha de candidatos que tenham boas propostas,
mas também um trajetória digna e que defendam seus interesses e os de sua
comunidade, mas, acima de tudo, estejam dispostos a servir o povo e não se
servir dele.
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