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Até o Batman se fecha em casa

CMPA

Cleiton Freitas
vereador de Porto Alegre e delegado de Polícia

Ficamos chocados ao constatar que autoridades e/ou celebridades são mortais, têm familiares, circulam e correm os mesmos riscos que qualquer cidadão, que buscam refúgio e segurança em casa e para a sociedade, que tranca suas portas e que sonha com um super-herói como o Batman para aliviar seus temores. Que momento vivenciamos, em que os criminosos mandam fechar escolas e decretam toque de recolher nas comunidades?
Assistimos e vemos estampadas nas manchetes da imprensa ações cada dia mais ousadas, chegando ao nível do deboche. Também são noticiados os números estarrecedores das ações policiais. Vemos a Polícia fazer muito bem seu trabalho, apesar de todas as carências, do sucateamento da máquina e da ausência de investimento.
Operações exitosas desmancham quadrilhas, apreendem toneladas de drogas, armamento e todo tipo de material bélico que transita em quantidade no submundo do crime. Procedimentos são instaurados aos quilos. Investigações são realizadas. Os indicadores de eficiência mostram dados estarrecedores. O trabalho do Batman está sendo feito. Temos verdadeiros heróis na segurança pública.
Ainda assim, o nível de insegurança é alto. Até os super-heróis têm seus momentos de cidadão comum, de fragilidade, principalmente quando se atenta para as necessidades, quando se quer fazer um bom trabalho e não encontra respaldo para tanto. Onde está o nó? Para onde correr? Não podemos nem queremos ficar trancados em casa ou esperando pelo Batman.
Precisamos colocar a máquina para funcionar e para isto é necessário que as engrenagens estejam alinhadas. É aí que percebemos uma ruptura, um abismo. Uma parte do sistema repreende, apreende, prende. A outra parte não educa e solta. Estamos vivenciando um momento de fragilidade dos sistemas. As estruturas existentes não estão dando conta das necessidades. O pouco investimento histórico em educação está mostrando suas repercussões com a falta de segurança pública, com o domínio de espaços onde o poder público não se fez presente, com o descrédito da sociedade nas instituições e na política.
Os movimentos de 2013 foram marco histórico, porém não falamos ou analisamos suficientemente aquelas manifestações. O que significa o povo na rua gritando? Dentre algumas respostas possíveis, acredito que uma delas é o grito do Basta! Basta de conversa sem ação, política sem noção. Chega de desvio de verbas públicas, de falta de investimento em infraestrutura, saneamento básico, saúde e educação. Precisamos agir emergencialmente, mas também plantar um futuro.
Queremos que este momento crítico e de crise produza um amadurecimento na sociedade onde possamos vislumbrar dias em que os super-heróis permaneçam no nosso imaginário e todos nós, libertos das cercas e muros, circulando em lugares com boas condições de vida. Acreditem que isto é possível. Apostemos na educação e logo teremos um mundo muito mais humano e justo.

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