Para compreender melhor as mudanças proporcionadas pelo
Pisa, O Jornalecão entrevistou o diretor-geral do Departamento Municipal de
Água e Esgotos (Dmae), o engenheiro
Flávio Presser, e o coordenador do Programa Integrado Socioambiental
(Pisa), o também engenheiro Valdir Flores.
O Jornalecão: Quais os parâmetros utilizados para
calcular o percentual de esgoto tratado em Porto Alegre?
Valdir Flores: Uma estação de tratamento é
dimensionada para atender uma determinada vazão. A soma das vazões das unidades
em operação nos dá a capacidade total de tratamento. Quanto ao percentual de
esgoto coletado, os mesmos são calculados pelo número de ligações ativas.
O Jornalecão: Qual o percentual de esgoto tratado em
Porto Alegre atualmente?
Valdir Flores: Com o início de operação das ETEs
(estações de tratamento de esgoto) Serraria e Sarandi, temos capacidade de
tratamento de 80% dos esgotos gerados no âmbito do município de Porto Alegre.
O Jornalecão: Qual a previsão para que este índice
atinja sua capacidade máxima?
Valdir Flores: As novas estações serão capazes de
atender a demanda de tratamento pelo menos para os próximos 30 anos. Até 2032,
o Dmae tem plano de universalizar o tratamento de esgoto, com capacidade de
100% de tratamento.
O Jornalecão: O que já foi feito ou será feito para
evitar que arroios como Capivara, do Salso e Cavalhada poluam o Guaíba?
Valdir Flores: O Dmae mantém um programa de obras de
redes coletoras para ampliar a coleta nestas bacias. Também dispomos de equipes
denominadas “esgoto certo”, que regularizam ligações em áreas onde já existem
redes coletoras implantadas.
O Jornalecão: O fato de que o lago Guaíba é formado
por quatro grandes rios (Jacuí, Caí, Gravataí e dos Sinos), que recebem muita
carga de poluição das cidades que os circundam, compromete a
balneabilidade?
Valdir Flores: Os afluentes ao lago
tem a vazão prioritariamente conduzida pelo canal de navegação, não atingindo
especificamente a margem esquerda do lago junto a Porto Alegre. O tratamento
dos esgotos em Porto Alegre representa a evolução da melhoria da água com vistas à balneabilidade da margem esquerda,
praias que banham Porto Alegre.
O Jornalecão: Qual a responsabilidade do
porto-alegrense para a recuperação do Guaíba?
Flávio Presser: Com a capacidade de tratamento de
esgotos agora ampliada para 80%, será possível ao Dmae implantar novas redes
coletoras. Para isso, já contamos com recursos do PAC 2, sendo R$ 16,4 milhões
com recursos do Orçamento Geral da União (OGU), sem retorno, e R$ 71,8 milhões
financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
para mais 116,7 km de redes coletoras de esgoto e coletores-tronco. Cabe aos
moradores que ainda não estão corretamente ligados à rede providenciar as
ligações.
O Jornalecão: Que programas o Dmae tem para ajudar
a população a fazer sua parte?
Flávio Presser: O Programa Esgoto Certo atua em áreas
que já possuem redes coletoras de esgoto do tipo separador absoluto e que se
mostram ainda com grandes descargas do esgoto doméstico em redes pluviais.
Nestas áreas, detectadas por nossa equipe técnica, são realizadas visitas de
casa em casa, aplicando o teste de corante, que identifica a necessidade ou não
de corrigir as ligações.
O Jornalecão: Os moradores de Porto Alegre já
ouviram outras vezes a previsão de que o Guaíba voltaria a ser balneável. O Jornalecão mesmo já noticiou
projetos com esse objetivo e que previam, inclusive, a balneabilidade ainda na
década de 90. Existe uma previsão para a liberação de banho em mais pontos
do Guaíba? No que essa liberação depende do Dmae?
Flávio Presser:
O Dmae está priorizando, neste primeiro momento, implantar as redes coletoras
de esgoto cloacal nas bacias dos arroios Dilúvio, Capivara e Espírito Santo.
Esta escolha se deve pelas seguintes razões: o Dilúvio pelo esforço que setores
importantes da cidade estão fazendo para sua recuperação e porque a depuração
do Capivara e do Espírito Santo é necessária para a balneabilidade da praia de
Ipanema. Todas estas obras estão previstas no Plano Municipal de Saneamento
Básico – modalidade esgotamento sanitário, que pode ser acessado pela página do
Dmae na Internet.
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