Vitral do início do século passado foi danificado, mas poderá ser restaurado |
A história do Artesanato Guarisse
na Zona Sul de Porto Alegre começou no final da década de 1960, pelas mãos do
empreendedor Arthur Guarisse. Empreendedorismo que teve início quando ele
visitava a banca de frios de seu pai no Mercado Público ou cursava
contabilidade no Colégio Rosário à noite; ou, mais tarde, como funcionário
público do IAPETEC ou professor de História em uma escola na cidade de
Guaíba, época em que desenvolveu o gosto por antiguidades. Foi assim que o seu
envolvimento com as artes e com o trabalho artesanal começou no bairro
Tristeza, após ele adquirir parte da antiga chácara de veraneio que pertenceu
ao comendador Azevedo, na Rua Mario Totta. Nesta nova moradia, os chafarizes,
as estátuas, os lustres e os móveis abandonados foram restaurados nos fundos de
casa e reaproveitados. Era o início de um grande empreendimento: Artesanato
Guarisse. Os amigos que visitavam a família, admirados com o que viam,
começaram a adquirir as peças confeccionadas por Arthur Guarisse, que, em
seguida, deu início à produção de lampiões, comercializados no local. Desde
então, foram aproveitados muitos elementos de antigas residências condenadas à
demolição. Com a ampliação do negócio e a decisão de construir os prédios que
abrigariam a fábrica de artesanatos, na Rua Landell de Moura, Arthur Guarisse
estava sempre atento às notícias sobre os casarões demolidos na capital gaúcha
e em outras cidades.
Foi no início dos anos 70, após a
reforma e a ampliação do Colégio Rosário - que ao final da década de 1940
necessitou demolir a antiga Capela para dar espaço à nova obra -, que Arthur
Guarisse adquiriu em um ferro velho os vitrais que haviam sido doados aos maristas
por ilustres representantes da sociedade porto-alegrense do início do século
XX. Estes vitrais remetem à origem desta importante escola tradicional em
Porto Alegre e foram utilizados para compor um dos prédios da fábrica do
Artesanato Guarisse, onde também funcionou o Fórum da Tristeza. Um dos vitrais,
recentemente, foi depredado após um furto que houve no local que hoje
sedia o Centro Cultural Zona Sul, mas pode ser restaurado. Junto ao
Centro Comunitário, à Associação dos Escultores do Rio Grande do Sul, à
Associação dos Artesãos da Feira da Tristeza e à 1ª
Região Tradicionalista, como pesquisadora empenhada em registrar esta
parte importante da nossa história e na constituição do Memorial Guarisse,
espero que os moradores e os empresários da Zona Sul e os governos
municipal e estadual compreendam a importância de preservarmos nossas memórias
e se sensibilizem. Que todos nos auxiliem na captação dos recursos necessários
para providenciar o conserto do belo vitral outrora presenteado pelo Dr.
Ernesto Di Primo Beck ao Colégio Marista Rosário, trazido para cá por
Arthur Guarisse.
(Márcia Morales Salis, email: marcia_ms@msn.com)
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