Marcia Morales Salis
As transformações sociais,
econômicas, tecnológicas, ambientais, culturais, por exemplo, podem surgir
junto aos fenômenos que acompanham as diversas crises em nível municipal,
estadual, federal e mundial. É possível afirmar que, quando acontece uma
exaustão financeira, começa a diminuir o atendimento às demandas culturais.
Mas, parece que é no momento em que surge uma crise de confiança ou de
legitimidade em relação aos governos que a sociedade civil melhor se organiza.
São esses novos atores sociais e políticos que podem ocupar espaços na
formulação e na implementação de políticas públicas culturais centradas na sociedade
(movimentos sociais, sindicatos, ONGs, associações culturais, coletivos, etc.).
No entanto, ainda como aprendizes na era da pós-burocracia da gestão pública,
também na área da cultura - que hoje em dia se desenvolve a partir do viés
antropológico -, é possível continuar a acreditar que a adoção de novas
ferramentas de gestão, como a descentralização, realmente aumenta a eficiência
e a produtividade, ao privilegiar o atendimento a pessoas e entidades
comunitárias de forma democrática e participativa. A exemplo, um edital que
acontece anualmente promovido pela secretaria de Descentralização de Cultura de
Porto Alegre para oportunizar a realização de oficinas que remunerem artistas e
artesãos que poderão atuar junto às entidades que os solicitarem, conforme as
demandas providenciadas pela Temática da Cultura.
Além disso, em 25 anos de
Orçamento Participativo (OP), pela primeira vez a Cultura pontua em 10 regiões
como demanda principal trazida pela comunidade. Em Ipanema (Região Sul do OP),
enquanto prioridade, a Cultura ficou em 2º lugar - logo abaixo da Habitação.
Isto, para administrar equipamentos culturais (teatros, museus, etc.), ou
desenvolver atividades de descentralização da cultura (Programa Cultura Pura
Aqui, Oficinas, Festival de Música, Memória dos Bairros, Festas da Cidade,
etc.), além das ações culturais ou eventos da cultura (Carnaval, Semana de
Porto Alegre, Porto Alegre em Cena e outros), sob a responsabilidade da SMC.
Mais uma prova de que os porto-alegrenses possuem um imenso potencial cultural
e criativo e que podem continuar trabalhando para melhorar suas condições
econômicas e sociais, e evidenciar a cultura local nos bairros em que residem.
Marcia Morales
Salis
Gestora Cultural,
moradora do bairro Ipanema
marcia_ms@msn.com
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