Claudia Ilha
Nos últimos anos, muito avançou a
cultura em nosso país e em nosso estado. Em Porto Alegre, o Carnaval retomou o
protagonismo de ser uma festa popular que une a todos indistintamente,
comprometido com a construção da cadeia produtiva que integra a economia da
cultura, ao estimular o comércio local através da venda de assessórios,
fantasias, alimentação, etc., e gerar trabalho aos artistas e artesãos. Do ano
passado para cá, quem não conhecia a importância histórica e cultural do lugar
onde mora ou dos seus vizinhos passou a se apropriar e trocar informações que
antes só faziam parte dos livros, das pesquisas acadêmicas ou das conversas
entre amigos. Na cidade, eventos com características próprias (trabalhos
musicais, exposições de arte e de artesanato, etc.) projetam a cultura
identitária das principais regiões da cidade, como no Carnaval de rua e nas
demais manifestações populares. Entretanto, a Zona Sul, que faz parte de Porto
Alegre, ainda não pulou o seu próprio Carnaval. Para o Carnaval de 2015,
soube-se tardiamente que apenas os presidentes de duas associações comunitárias
de Ipanema representativas dos desejos de um parcela da população que cresce e
aparece, bem antes, já haviam decidido sobre isso tudo em uma reunião convocada
pelo vice-prefeito (e vizinho no bairro), sem que os próprios moradores ou
entidades culturais da Zona Sul fossem consultados, e sem muita divulgação da
bendita reunião. O que se pensava sobre a possibilidade de resgatar o Carnaval
comunitário de rua - com blocos que representassem clubes ou grupos de
moradores da Zona Sul e que poderia ter acontecido em um único dia na Orla de
Ipanema ou em uma de nossas praças, e outro dia no Centro Cultural Zona Sul,
por exemplo -, fracassou, muito antes de ser pensado e projetado pela própria
comunidade.
No bairro Tristeza, trabalham juntas
quatro grandes entidades culturais e comunitárias em atividades coletivas que
oportunizam o acesso democrático e multicultural ao resultado do trabalho de
muitas pessoas comprometidas com a tradição, o patrimônio, a arte, o artesanato
e o empreendedorismo, enfim, o desenvolvimento da cultura e da economia local.
São lideranças culturais respeitadas que deveriam ser chamadas para este tipo
de decisão que afeta significativamente a vida das pessoas. Estas entidades
propõem um trabalho que ressignifica os nossos desejos e gostos e valoriza a
própria comunidade e os turistas, em um dos mais belos “pôr do sol do Guaíba”
ou nos prédios cheios de histórias, como os do antigo Artesanato Guarisse -
hoje Centro Cultural Zona Sul. E isto, graças às intervenções, à dedicação e
aos esforços de pessoas unidas em prol do que ficou alinhavado desde o governo
anterior e que prossegue, lentamente, conforme a burocracia e as vontades
públicas abrem alas. Por tudo isso e por todos nós, aos senhores prefeito e
vice, aos secretários da Cultura e do Turismo, estadual e municipal,
independente da época do ano, convidamos para virem tomar um mate e passear de
mãos dadas com a multiplicidade de expressões culturais da Zona Sul em um
sábado à tarde ou domingo, e comunicamos que gostaríamos de participar das
reuniões para decisões importantes, relacionadas ao desenvolvimento cultural
dos moradores, artistas e artesãos.
Marcia Morales
Salis
Gestora Cultural,
moradora do bairro Ipanema
marcia_ms@msn.com
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