Divulgação
Cada vez mais admiramos e nos
utilizamos dos objetos artesanais. Em geral, são objetos decorativos ou
utilitários pensados e executados a partir da força corporal de quem os
projeta, cria. Alguns artesãos se utilizam de equipamentos ou máquinas que os
auxiliem em alguma parte deste processo, predominantemente manual. Por isso, o
objeto artesanal pode ser identificado a partir do seu processo de produção,
que está relacionado à técnica e aos materiais escolhidos pelo artesão ou
grupo. Os artesãos são indivíduos que desenvolvem o seu ritmo de trabalho
próprio, de acordo com os seus saberes e a sua cultura - rural ou urbana.
Assim, é a partir de suas experiências de vida e de trabalho que o artesão cria
vínculos e estabelece relações com outros artesãos, se associa ou empreende o
próprio negócio, aliado ao desenvolvimento comunitário, da economia, da cultura
e do turismo, ou aos projetos de designers e arquitetos - entre outros
profissionais por quem o artesão é chamado a trabalhar. São estas relações que
podem levar a novas formas de produção e de consumo dos diferentes tipos de
artesanatos e que promovem, inclusive, o reaproveitamento de máquinas ou
materiais residuais, ou chamam a atenção para o espaço público das praças e dos
parques.
Hoje em dia, constata-se que o
artesanato tradicional, de tradição cultural ou de raiz está relacionado à
produção de objetos cuja técnica e materiais expressem a sua origem e evolução
histórica, representativos da identidade do artesão ou grupo que os produziu.
Portanto, ainda que seja uma produção urbana a partir de técnicas originais que
vão sendo adaptadas e modificadas pelo próprio artesão a partir do seu próprio
universo cultural, é possível afirmar que o artesanato não é mera mercadoria,
porque revela um conjunto de crenças e de valores, de realidades culturais – em
geral, híbridas. Este hibridismo pode ser considerado em toda produção de
artesanatos que se constitui desde o início da humanidade conforme as condições,
os interesses e os gostos das pessoas envolvidas neste importante processo
representativo também dos avanços na tecnologia, na legislação e nas políticas
públicas nacionais e internacionais.
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Artesãs da Associação dos Artesãos da
Feira
de Artesanato da Tristeza – AAFAT
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Assim, ao considerar o aumento da
produção e do consumo do artesanato, os artesãos e seus grupos devem ter seus
direitos reconhecidos e o seu trabalho valorizado. Além disso, os registros das
memórias desses profissionais são fundamentais para a identificação e a
promoção cultural de uma comunidade, de uma cidade ou de um país. São estes
trabalhadores os responsáveis por desenhar e produzir manualmente há anos a
representação da nossa evolução como seres individuais, em família e na
sociedade - desde as estátuas ou os detalhes que embelezam prédios históricos de
uma cidade até a caixinha de MDF pintada que optamos por comprar para dar de
presente às pessoas queridas.
Marcia Morales Salis
Gestora Cultural, moradora do bairro Ipanema
marcia_ms@msn.com
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