Publicado na edição N° 54
(Dezembro/1995):
Cyro Martins e o adeus à Geração
de 30
Arquivo O Jornalecão
A morte de Cyro Martins, aos 87
anos, no dia 15 de dezembro de 1995, marca profundamente a literatura gaúcha.
Sendo um dos últimos
representantes da geração de 30, da qual fazem parte Mario Quintana, Erico
Verissimo e Dyonélio Machado (os três já falecidos), entre outros, e que tinham
como ponto em comum a Editora Globo da
Rua da Praia, onde se concentravam os intelectuais gaúchos, sua morte marca
profundamente esta época, em que o Rio Grande do Sul tinha uma casta de
escritores excepcionais, com renome nacional e internacional.
Cyro Martins, que ainda era
psicanalista, tendo fundado a Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre e deixado
uma vasta obra nesta área, notabilizou-se na literatura com a Trilogia do Gaúcho à pé, formada pelos
livros Sem Rumo, Porteira Fechada e Estrada
Nova, e mostrou a “carne viva da situação” do gaúcho abandonado, entregue à
própria sorte na sua lenta expulsão do campo para formar os cinturões de
miséria. Segundo afirmou, a ele cabia fazer o que fez: “Usar o meio de que
dispunha, a ficção literária, para mostrar, a céu aberto, a carne viva da
situação, alertando os governantes municipais, estaduais e federais, os homens
de negócio, os fazendeiros, os industriais, que tinham condições financeiras e
administrativas para enfrentar o problema”.
Além dos livros da Trilogia do
Gaúcho à pé, deixou uma vasta obra com romances, ensaios, livros psicanalíticos
e críticas literárias.
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