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Moradores do Guarujá podem ingressar no MP por obra emergencial

Com alagamentos de esgoto cloacal atingindo mais de 50 casas, famílias tentam diálogo com a Prefeitura, mas estudam recorrer à Justiça
  
O problema começou há pouco mais de dois anos, mas está ficando cada vez mais perigoso. Durante o mês de janeiro, reuniões como moradores, entidades e representantes do Poder Público foram realizadas com o objetivo de encontrar uma solução para o problema. Após estes encontros e ainda aguardando uma reunião com o prefeito para tratar do tema (que seria dia 27 de janeiro, mas foi adiada), representantes dos moradores elaboraram um dossiê a ser entregue ao Município, mas não descartam recorrer ao Ministério Público (MP) para tentar na Justiça a realização de uma obra emergencial. Por enquanto, a recomendação de técnicos da Prefeitura é tentar a obra via Orçamento Participativo (OP), o que levaria um ano ou mais, tempo considerado muito longo por riscos de doenças (devido ao contato com o esgoto) e de acidentes (desabamentos, por exemplo).

                                                                                                                      Cássio Martinez Machado
Casas da rua Jacundá também estão sendo atingidas
pelos alagamentos no Jardim das Oliveiras


Moradores estão cansados de viver em meio ao esgoto e com medo

Além de conviverem com o esgoto cloacal invadindo seus terrenos e casas, pelo menos 58 famílias estão assustadas com os riscos de doenças e/ou de desabamentos de suas construções. Nos meses de dezembro e janeiro, o grande número de dias chuvosos favoreceu os alagamentos em dezenas de casas do Jardim das Oliveiras e em, pelo menos, cinco casas da Rua Jacundá, no bairro Guarujá. A maioria delas não conta com rede de esgoto pluvial e cloacal, pois até meses atrás o loteamento era considerado irregular (somente em 2014 a Justiça garantiu a posse da terra, em última instância, às famílias residentes). 
Neste tempo de espera o problema se agravou: muita água, de áreas mais altas do bairro, se concentra no local (que anteriormente era uma espécie de bacia de contenção) e se mistura com dejetos, causando muitos transtornos. Sem uma rede para coleta, além de invadir as casas de mais de 50 famílias, o esgoto está escoando pela rede pluvial, que passa por baixo de três casas da Rua Jacundá. Há mais de 30 anos esta rede dava conta da água da chuva, mas com a ocupação irregular da área que não estava apta para receber habitações, a canalização fica obstruída mais facilmente e o esgoto está invadindo também casas que contam com redes pluvial e cloacal, causando infiltrações e perdas financeiras, como eletrodomésticos e móveis danificados.  
Além disso, outras duas famílias da Jacundá estão com medo de desabamentos, devido à grande quantidade de água que está vertendo de baixo de suas casas. Outras casas, localizadas em áreas mais baixas da mesma rua, também já começam a sofrer com o problema.  


Moradores buscam solução junto aos órgãos públicos

                                                                                                                 Gustavo Cruz / O Jornalecão
Técnicos do DEP e do Dmae conversaram com moradores após vistoria


Com a intermediação da Associação dos Moradores e Amigos da Zona Sul de Porto Alegre (Acomazs) e do Gabinete do Vereador Dr. Thiago Duarte, foi realizada reunião, na noite de 20 de janeiro, de pessoas atingidas pelos alagamentos com técnicos do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) e do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) para tentar encontrar uma solução para o problema recorrente, mas saíram sem uma definições, pois, conforme os representantes de Dmae e DEP, a reunião foi preparatória para o encontro agendado com o prefeito (que, posteriormente, foi adiado e ainda não foi remarcado).
Três dias depois, técnicos do DEP e do Dmae realizaram vistoria no Jardim das Oliveiras para verificar os problemas de saneamento básico vivenciados pelas famílias que residem no local. O engenheiro Ênio Renato Alves Júnior, do DEP, destacou que o problema somente será resolvido com a execução de uma obra de drenagem a ser demanda junto ao departamento e que, em seu relatório, constará seu parecer favorável. Mas há necessidade de “projeto, orçamento e dinheiro” para que saia do papel.
Já a engenheira projetista Ísis Miranda, do Dmae, informou que será citada em suas considerações a necessidade de estender a rede de esgoto para as casas que ainda não a possuem, mas que ela não funcionará corretamente sem uma obra do DEP para o esgoto pluvial. O CAR-Sul (Centro Administrativo Regional da Região Sul) também participou da atividade.


Manter a rede pluvial desobstruída está difícil

O DEP tem realizado a desobstrução da rede de esgoto pluvial, mas esta medida paliativa não vem surtindo o efeito desejado devido à dificuldade do departamento em realizar o serviço por falta de pessoal ou disponibilidade do maquinário. Moradora da Rua Jacundá há 35 anos, Arlete Pedrozo Saldanha perdeu a conta de quantos protocolos seus estão na Prefeitura, nos últimos dois anos, pedindo a desobstrução. Porém, no período de chuvas frequentes entre 22 de dezembro e 21 de janeiro, além de protocolar o pedido (dia 22/12), teve de reiterá-lo três vezes em janeiro e receber duas vistorias antes de ver a limpeza feita (30 dias depois do primeiro pedido). 


Regularização fundiária também está na pauta


No dia anterior (23/01), representantes da Acomazs e da comunidade foram recebidos pelo Demhab (Departamento Municipal de Habitação). Os representantes do órgão se comprometeram a elaborar o projeto e encaminhá-lo a PGM (Procuradoria Geral do Município), a fim de efetivar a regularização fundiária, o que seria um facilitador para a busca de soluções para as demandas dos moradores.

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