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Violência cotidiana e nossas responsabilidades


Cleiton Freitas
vereador e delegado de Polícia


Uma menina foi atingida por uma bala de fuzil que servia a traficantes no bairro Vila Nova, na Zona Sul de Porto Alegre. Laura não teve a chance de ao menos ser uma sobrevivente das periferias. Um cotidiano que parecia distante há algum tempo, pertencente à realidade dos morros cariocas, agora aqui, batendo às nossas portas, nos obrigando a refletir sobre a segurança pública que queremos e, mais ainda, que tipo de sociedade almejamos. Na Vila Nova, um posto da Brigada Militar foi fechado poucas semanas antes da morte de Laura. Não foi uma coincidência. O poder público saiu. O crime assumiu.
Poucos quilômetros da casa de Laura, em um final de tarde ordinário, um homem entra em um ônibus e atira várias vezes no rival. O mata, ali mesmo, à luz do dia. Mais um retrato mal acabado, pincelado aos garranchos de um Estado que há anos não cumpre sua função de proteger. 
No Parque da Redenção, encravado na região Central de Porto Alegre, uma jovem foi violentada ao meio-dia. Outro bairro, outra faixa etária, outra realidade social. Mas a insegurança é a mesma.
A discussão sobre o cercamento deste Parque, que ressurge sempre que o nível de violência atinge parâmetros inaceitáveis, dominou os debates nos últimos dias. Novamente, a política de segurança pensada a trote rápido, sem planejamento. Se a solução é cercar o parque, então deveremos gradear a Vila Bom Jesus, a orla do Guaíba, quem sabe, a Vila Cruzeiro. Não, a solução passa pelo aumento do efetivo da Polícia Civil, da Brigada Militar e da Guarda Municipal nas ruas; incremento do videomonitoramento; investimentos no serviço de inteligência e investigação da Polícia Civil. Com certeza, não será retirando recursos de Pasta tão essencial que empreenderemos esses objetivos.
A segurança pública que deve ser pretendida é aquela pensada a longo prazo, planejada para ir além de governos transitórios. É aquela imprescindível, que não viva à mercê dos cofres e das vontades políticas.
No dia 17 de maio, domingo, vamos para uma grande caminhada contra a violência, a partir das 17h30min, com concentração na Rua Dea Coufal com a orla, se possível, de camiseta branca. Cidadãos não podem virar reféns!!!!
Laura merecia ter a chance de estudar, brincar, planejar uma profissão, ser mãe, conquistar seu espaço no mundo. Tornou-se estatística. Não podemos permitir que outras Lauras voltem a visitar nossos noticiários e nossas consciências.

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